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domingo, 21 de abril de 2013

"Queremos acabar com a dor do envelhecer"

Para o geneticista Hugo Aguilaniu, será possível viver bem até os 125 anos

Há alguns anos, Hugo Aguilaniu, geneticista da École Normale Supérieure de Lyon, na França, se deu conta de que seu trabalho ia além das pesquisas genéticas sobre o envelhecimento. Que não bastava avançar nos estudos para aumentar a longevidade sem encarar outra importante missão: a cura dos idosos. “Essa é a prioridade e a urgência de hoje”, diz. “A pesquisa não está mais focada em estender a vida. Nosso objetivo, agora, é o de melhorar a qualidade do envelhecimento”, relata o cientista.

O mundo terá um bilhão de idosos dentro de dez anos. O dado, de estudo divulgado pela ONU no ano passado, é um alerta para todas as nações: é preciso correr contra o tempo e adotar medidas que assegurem, desde já, o bem-estar da população – que fica mais velha a cada dia. Segundo a organização, uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, o equivalente a 11,5% da população mundial.

No Brasil, já são 23,5 milhões de idosos (12% da população) – de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011. E a cada mostra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é comprovada a tendência de envelhecimento do País. “A população brasileira está envelhecendo cada vez mais rápido”, diz Aguilaniu. “Os franceses já ganharam seis horas de expectativa de vida por dia. No Brasil, essa velocidade é ainda maior, de nove horas por dia. Isso quer dizer que o bebê que nasce hoje terá uma expectativa de vida nove horas superior ao que nasceu ontem”, explica.

Mas o problema é que, infelizmente, “envelhecer ainda dói”, diz Aguilaniu. Hoje, segundo ele, as pesquisas mostram que os idosos sofrem, em média, 15 anos por causa das chamadas doenças associadas ao envelhecimento. “Queremos acabar com esse longo período ruim pelo qual passamos na velhice.”

Quer dizer que há um caminho para se encontrar a mais perfeita fórmula da juventude? Hugo Aguilaniu tem a resposta: “Já conhecemos moléculas capazes de aumentar a longevidade de mamíferos. A chance de se chegar a uma droga que aumente a vida do ser humano é enorme. E vai acontecer logo”.
Mas, calma. “Temos outra missão: a de matar os mitos. Todos queremos encontrar a fonte da juventude, mas é preciso pensar como sociedade, não individualmente. Imagine se todos nos tornássemos imortais?”


O Brasil já está velho?
E cada vez mais rápido. Na França, ganhamos seis horas de expectativa de vida por dia. Um bebê que nasce hoje terá uma expectativa de vida seis horas superior ao bebê que nasceu ontem. No Brasil, essa velocidade é ainda maior, de nove horas por dia. São quatro meses e meio por ano. Isso mostra que o problema do envelhecimento da população é muito importante. A população da França já está velha. Aqui no Brasil, o problema é maior, porque a população ainda é jovem, mas vem envelhecendo muito rápido. E tem um outro fator essencial: a queda da taxa de fecundidade.

Qual é a maior dificuldade do Brasil em relação ao envelhecimento?
Este é o debate político que tem de acontecer imediatamente. São muitos os idosos que precisam de ajuda. Na França, que convive com o envelhecimento da população há um tempo, já é difícil, já não se dá conta do recado. A velhice tem um custo muito alto. Quem cuida dos idosos cobra um valor extremamente elevado. E há também os custos com hospital, medicamentos. É um impacto enorme sobre a sociedade e seu crescimento econômico.

Envelhecer é muito difícil para todo mundo. Temos de aceitar que vamos perder nossas características físicas. E mais: envelhecer dói. Quando visitamos os idosos e perguntamos como é ser velho, a resposta – quase que em 100% dos casos – é “dói, todo dia dói”. E é horrível ouvir isso. Um de nossos principais objetivos é diminuir a dor dessas pessoas.
É muito comum as pessoas chegarem à velhice sozinhas.
Exato. Ao envelhecer, é psiquicamente essencial aceitar ajuda. Na França, que é um país muito mais individualista, as pessoas estão sofrendo também de solidão. Elas não aguentam a ideia de que precisam de alguém.

Mas há quem queira cuidar desses idosos?
As pessoas não conseguem conceber o fato de que podem receber os pais quando ficam velhos. O que seria natural, afinal, é um troca. Pais criam seus filhos e, depois, chega a hora de os filhos ajudarem os pais. Na França, as pessoas ficam sozinhas e morrem sozinhas. E, muitas vezes, se passam muitos meses até que se encontrem os idosos mortos em casa – o que é absurdo. Em alguns casos, eles não têm mais família. Mas o que choca é que muitos têm, sim. Eles estão, simplesmente, abandonados.

É capaz de responder quanto tempo mais a gente vai viver?
Qualquer pessoa que garanta saber a resposta está mentindo. Não dá para saber. Muitos pesquisadores dizem que, se conseguirmos reparar todas as coisas que “quebram” – como em um carro –, não haveria limite, alcançaríamos a imortalidade. Não faço parte dessa linha de pensamento. O que acho possível é uma expectativa de vida de 120, 125 anos. Mas é mera especulação.

Fonte: Estadão










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